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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Proposta de sócio

ASSOCIAÇÃO DIVABREJÃO

Nome Completo_______________________________________________________
Data de Nascimento_____/______/______
Morada______________________________________________________________
(a preencher pela Direcção)
Proposta nº________
Sócio nº__________

                                                                                  A Direcção

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domingo, 15 de janeiro de 2012

Foi assim que tudo começou

De lenço e óculos escuros, Amália Rodrigues chegou no seu descapotável à aldeia alentejana do Brejão (Odemira) há quase 50 anos, em busca de um terreno à beira-mar, onde construiu uma casa, agora votada ao abandono.

“Vinha num carro descapotável, daqueles americanos, verde e prateado, com um motorista, e ficava toda a gente a olhar”, descreve Francisca Efigénia, amiga que a fadista conquistou por aquelas bandas.

Na sua primeira visita à aldeia, enquanto procurava “as beira rochas de Lisboa a Sagres” com a finalidade de encontrar um local privilegiado com vista para o mar, a rainha do fado dirigiu-se logo ao homem que lhe havia de vender, por 300 contos, os nove hectares de terreno onde ergueu a casa de férias.

“Estava eu trabalhando quando a minha mãe me foi dizer que estava ali a Dona Amália procurando por mim. E eu até lhe respondi: ‘não estará enganada?’”, conta Jacome Pacheco, a quem não falta lucidez, apesar dos 84 anos.

Viviam-se os primeiros anos da década de 60 quando a fadista pisou a herdade que dá vista para a praia da Seiceira, mais tarde baptizada como ‘praia da Amália’ por ter sido esta quem mandou construir umas escadas de acesso ao areal, que atravessam a propriedade. E logo terá dito para o marido, César Seabra: “já não saio daqui sem comprar isto!”.

Conservados pelo tempo, os lances de escadas mantém-se no local como o acesso mais utilizado para descer a soberba falésia que separa a herdade do mar. Da casa, vedada ao público, pouco se avista, a não ser o portão de entrada, ladeado pelo muro decorado com flores pintadas de todas as cores.

As flores eram a sua paixão, como prova a sinalização em forma de malmequer à entrada do caminho de terra batida. Tal facto é testemunhado por todos quantos a conheceram por estes lados, incluindo o presidente da Câmara, eleito pela primeira vez em 1997.

“Lembro-me perfeitamente que ela ia com a Xica Efigénia e passava muito na minha rua, na Zambujeira do Mar, onde ia ao quintal pedir flores à minha mãe”, recorda António Camilo.

Os canteiros repletos de flores, a piscina e a imponente casa da cantora, agora colocada à venda numa imobiliária da região, eram então palco das primeiras fotografias dos noivos das redondezas, que elegiam aquele como o local mais bonito da região para o efeito.

A limpeza da casa era mantida pela caseira, Clarinha Luís, que lá trabalhou dos 13 aos 42 anos. “A lida era muita, tinha de estar tudo a brilhar”, assevera Clara, que logo expressa o “dó” que sente pelo estado actual da propriedade.

“Como aquilo era e como está”, suspira, coadjuvada por Xica, amiga maior de Amália no Brejão e a quem esta deixou muitas dedicatórias.

“Para a minha amiga Xica que sabe tanto da pesca que até me pescou a mim”, pode ler-se numa das fotografias guardadas pela confidente, que contactou com Amália pela primeira vez na mercearia da avó.

Dos longos serões com Amália, a ver filmes do Fred Astaire e a devorar livros de cowboys alugados numa loja de São Teotónio, Xica conserva agora apenas a saudade e uma memória repleta de estórias para contar.

“Sabe que a Dona Amália morreu sem nunca ter tido luz naquela casa?”, indaga, secundada por Clarinha, que assevera que o gerador funcionava sempre que os ‘senhores’ paravam por ali.

Agência Lusa